Branco é a beleza suprema desta estrelada noite,
O ventre de ouro da fagulha criativa divina,
Que dançou gloriosamente nas ondas leitosas do paraíso,
Agora quer o combustível que inflama as espumas de seu corpo:
E tudo com gemidos, almejando um devir estável,
Ela gruda seu altar com uma névoa promíscua,
Preparada para cegar a mãe terra com luz eterna:
Afrodite que deu à ela vida e luar,
Cujos lábios gotejam mel de seus favos de marfim,
Adocica a alma de cada amante com aveludados orvalhos,
Agora pela devassidão das musas das nuvens,
Cujas indecisões não permitem uma inspiração duradoura,
Ela as atrai para o seu derradeiro suspiro,
Imiscuído ao hálito vulcânico da morte.
Agora tingem deuses e deusas as horas dos Campos Elísios,
Como artesãos da escuridão no sonho do amor eterno,
Apenas para divertir divina Afrodite;
Beethoven, Tolstoy, Coltrane, e as lamparinas incansáveis
Que graciosamente iluminaram essa escura e lamacenta vereda,
Agora não inseminam mais, apenas renascem
Para divertir divina Afrodite;
Os cristais primaveris cujo odor apetece
O desejo infinito de refinado sabor,
Como o do leite vertendo da fonte do paraíso,
Polinizam sensualmente,
Apenas para divertir divina Afrodite;
Os anjos e superiores arcanjos
Que transformam amantes em marionetes
Perante o grande Sarastro,
Utilizam todas as suas habilidades,
Para divertir divina Afrodite;
E nessa insidiosa e doce coreografia,
A deusa que autoriza a liberação
Do raio enfeitiçado o faz
Apenas para divertir divina Afrodite;
Então deixemos que a eterna teia arraste meus pensamentos
Até a beirada de cama dela na alcova de paredes brancas;
E que o meu desejo seja tão abjeto
Quanto o divertimento de Afrodite.